segunda-feira, 8 de junho de 2020




"As pessoas levam vidas  de trabalho e são muito ativas. Um dia reformam-se e ficam sem fazer nada. Sabe o que lhe acontece? Deixam de fazer esforço, as suas capacidades físicas atrofiam-se, o cérebro para de se exercitar e perde faculdades. Sem atividade as pessoas envelhecem e começam a ficar talharoucas. A função faz o órgão, o esforço gera desenvolvimento, o movimento revigora a vida. Se as pessoas deixam de fazer esforço e ficam paradas,  acabam por definhar. Esse será o problema da humanidade. A partir do momento em que viver sem função nem esforço, a humanidade atrofiará. Não estão já a nascer cada vez menos pessoas no países desenvolvidos? Chegará o momento em que não nascerá quase ninguém e o mundo será povoado por velhos com centenas e centenas de anos em corpo ciborguizados e melhorados! Os que se fundirem com máquinas tornar-se-ão ao longo do tempo cada vez mais máquinas até ficarem finalmente máquinas. Os restantes desaparecerão gradualmente, vencidos pela inércia, pela atrofia intelectual, pela perda de função. Sem desafio não há vida. A humanidade sumir-se-à pouco a pouco, anestesiada, mergulhada num idílio virtual e indolor, até o último ser humano enfim libertar o último suspiro. A extinção da espécie humana não ocorrerá com uma explosão violenta, como vê, mas suavemente, com o simples apagar de uma derradeira luz."

in Imortal de José Rodrigues dos Santos

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